Gastos do governo podem ‘amarrar as mãos’ do BC, diz Ferreira, da XP

Para Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do Research da XP, gastos do governo em ano eleitoral podem diminuir intensidade do corte de juros The post Gastos do governo podem ‘amarrar as mãos’ do BC, diz Ferreira, da XP appeared first on InfoMoney.

Out 14, 2025 - 18:00
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Gastos do governo podem ‘amarrar as mãos’ do BC, diz Ferreira, da XP

O consenso do mercado de que haverá queda de juros em 2026 poderá mudar com os gastos fiscais em ano de eleição e com o impacto da inflação, afirmou nesta terça-feira (14) Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do Research da XP.

Para Ferreira, o Brasil vive uma “onda” que “levou nossos ativos para cima”, porque o “mercado passou por cima do que está acontecendo no Brasil”, disse, se referindo às contas públicas.

A afirmação foi dada durante o evento Global Voices, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em São Paulo.

“Se este impulso fiscal, de fato, amarrar as mãos do BC e não conseguir cortar, ou cortar menos que o esperado, isso vai ser uma notícia ruim porque está todo mundo esperando o corte”, afirmou.

A projeção da XP é de que os juros cheguem a 12% ao fim de 2026.

Ferreira alerta que, caso os juros não caiam, isso será um risco para os investidores que já trabalham com essa projeção.

Além do contexto brasileiro, há o risco de o Federal Reserve (FED, o Banco Central dos EUA) também não conseguir cortar os juros, o que vai impactar a economia nacional.

Pesadelo para o Banco Central

No mesmo evento, Reinaldo Le Grazie, sócio da Panamby Capital e ex-diretor de política monetária do BC, afirmou que o ano de 2026 será “um pesadelo” para o Banco Central (BC), que não terá as mesmas condições favoráveis deste ano em relação ao controle da inflação.

Para ele, a inflação deste ano está caindo devido a fatores externos, como a influência do câmbio devido à desvalorização do dólar, impactado pelo tarifaço de Donald Trump.

“O ano que vem será um pesadelo para o BC. O que arrastou a inflação deste ano foi o câmbio. Para o ano que vem, se imaginarmos que o dólar vai a R$ 5,40, será que desvaloriza mais? Se a ecomomia americana não desacelerar, ele não desvaloriza”, afirmou.

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‘Legado da eleição vai ser horrível’

Gabriel Barros, economista-chefe da ARX Investimentos, afirmou no mesmo evento que a eleição de 2026 deixará “um legado horrível” para o Brasil. Parafraseando uma frase da ex-presidente Dilma Rousseff, ele disse que, ao final, todos perderão.

“A eleição de 2026 deixará um legado horrível, vai ser como aquela frase da Dilma: ‘Nem quem ganhar nem perder vai ganhar ou perder, vai todo mundo perder’”, afirmou, tirando risos da plateia.

Para ele, a estratégia do governo de começar elevando a receita para cobrir as contas públicas cria uma “fadiga no processo político”. Ele avalia que a melhor estratégia seria começar cortando gastos para, depois, pedir a contribuição do setor produtivo, por meio da retirada dos benefícios fiscais.

“A agenda é correta, mas como ela vem com uma estratégia unilateral [elevar a arrecadação], e não tem nada pelo lado do gasto, você cria um problema de condução de estratégia”, avalia.

“O mais estrutural é começar pelo gasto. Entrega corte concreto na despesa, e depois pode pedir para setor produtivo dar a sua contribuição [via corte de benefícios tributários]”, afirmou.

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Redação - JI Redação do Jornal Interação da Cidade de Araxá - Minas Gerais.