Memorando...

A balada das três mulheres do sabonete Araxá

Imortalizadas pelo poema de Manuel Bandeira

A sensibilidade do gênio Manuel Bandeira, transformou uma simples propaganda de um sabonete em um dos poemas mais famosos do poeta.   

O poema tem como temática uma brincadeira com o cartaz do sabonete Araxá que Manuel Bandeira viu em uma venda numa tarde em Teresópolis, Rio de Janeiro. A partir do contato com a propaganda, o autor resolveu escrever a poesia sobre um fato meramente cotidiano que passava desapercebido aos olhos dos homens comuns.

Este trabalho propõe uma análise dos aspectos intertextuais e autotextuais do poema de Manuel Bandeira - Balada das Três Mulheres do Sabonete Araxá, publicado no livro Estrela da Manhã, 1936, logo após a obra Libertinagem, 1930.

Sabia que as três mulheres do célebre sabonete eram, na verdade, uma só? Era tia do saudoso empresário araxaense Carlos Chaer, que foi presidente do Goiás Esporte Clube.

Balada para as três mulheres do sabonete Araxá

Manuel Bandeira

“As três mulheres do sabonete Araxá me invocam, me bouleversam, me hipnotizam.

Oh, as três mulheres do sabonete Araxá às 4 horas da tarde!

O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!

Que outros, não eu, a pedra cortem

Para brutais vos adorarem,

Ó brancaranas azedas,

Mulatas cor da lua vem saindo cor de prata

Ou celestes africanas:

Que eu vivo, padeço e morro só pelas três mulheres do sabonete Araxá!

São amigas, são irmãs, são amantes as três mulheres do sabonete Araxá?

São prostitutas, são declamadoras, são acrobatas?

São as três Marias?

Meu Deus, serão as três Marias?

A mais nua é doirada borboleta.

Se a segunda casasse, eu ficava safado da vida, dava pra beber e nunca mais telefonava.

Mas se a terceira morresse… Oh, então, nunca mais a minha vida outrora teria sido um festim!

Se me perguntassem: queres ser estrela? queres ser rei? queres

uma ilha no Pacífico? Um bangalô em Copacabana?

Eu responderia: Não quero nada disso, tetrarca. Eu só quero as três mulheres do sabonete Araxá:

O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!”