Memória Interação: José Ananias de Aguiar

Jun 6, 2025 - 12:36
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Memória Interação: José Ananias de Aguiar

Nos idos de 1960 Glícia e Rogério Santos desenvolveram um trabalho em favor de crianças e jovens especiais. Momentos difíceis aqueles. Recursos escassos e muita luta. Contavam com o apoio do então prefeito Paulo Márcio Ferreira. E também da comunidade.

Glícia sonhava adquirir instrumentos para uma banda musical. Segundo ela, a música ajudaria no desenvolvimento desses jovens. Recorreram ao Zizinho Aguiar que, emocionado, aderiu à causa. A partir desse momento, os sonhos transformaram-se em certezas.

Assim se inicia essa história. Uma história de amor e de doação. Os esforços de Glícia e os de Zizinho se uniram na consolidação desse ideal. Problemas financeiros deixaram de existir. Ele socorria a tudo e a todos.

Em terreno doado por Zizinho em 15/03/1969, iniciou-se a construção do prédio que mais tarde se tornaria a sede definitiva da APAE.

Bem, vamos retroagir um pouco no tempo. Naquela época, anos 60, acontecia, no Grande Hotel do Barreiro, um congresso médico de neurologia. Zizinho chegou apressado, como sempre fazia, e disse “Vamos, Glícia, meu tempo é curto”. (Ninguém entendia a que tempo ele se referia. Talvez soubesse que sua vida seria breve). E acrescentou: “Me inscrevi no congresso e a você também. Não somos médicos, minha filha, sei, mas temos muito o que conversar nos corredores”.

Não gostava de discursos, mas se era para ajudar a APAE, qualquer “tamborete” servia para subir e falar sobre a instituição. Em sua chácara fundou a Associação do Grupo Apaiano. Zizinho e Dr. Silvéria financiaram em Petrópolis, durante três anos, os estudos de Maria Célia de Castro, primeira fisioterapeuta que chegou a Araxá. O método inglês, BOBATH, foi implantado, tendo Zizinho adquirido todos os instrumentos clínicos necessários. Certa noite, já fora do horário de expediente, foram ouvidos sons semelhantes a marteladas. As pessoas acorreram a saber o que se passava. Tratava-se de Zizinho que, no chão, vermelho e suado, verificava se as peças do aparelhamento estavam seguras. E confidenciou baixinho: “Não conta pra Elizena não, porque eu nunca troquei sequer uma lâmpada em casa”.

A APAE foi legalmente instituída no dia 27/03/1971. Contou com a colaboração de vários cidadãos que abraçaram a causa e foram importantes no projeto: Zizinho, Dr. Silvéria, Glícia, Políbio Paiva, dentre outros. E ainda, Dámaso Drummond que cuidou da organização nas questões jurídicas; Arthur Rosa, na parte contábil e Ítalo Pezzuti, no projeto arquitetônico.

Nova missão ainda estava por cumprir: a divulgação da APAE nas cidades vizinhas. Um grupo de pessoas, unidas no ideal de servir, viajaram para Uberaba, Uberlândia, Araguari, Patos de Minas e sul do Estado, onde as casas de ajuda funcionavam mais no estilo professoral. Zizinho arcava com todas as despesas. O trabalho resultou em êxito e, em Araguari, criou-se a primeira APAE das comunidades visitadas.

Convidado para a cerimônia de inauguração, Zizinho não retornaria a Araxá. Anunciado para fazer o uso da palavra, já não foi possível. Era o fim. Terminar a missão de um ser humano notável que, com as mãos repletas de luz se apresentava ao Criador. E sua memória entra para a história de Araxá. Morre o Apóstolo da APAE, Zizinho Aguiar.

Atividades anteriores:
Estudou no Colégio Rio Branco em São Paulo.
Pecuarista, proprietário da Fazenda São Mateuzinho.
Empresário, fundou a Droganova.
Diretor-Presidente da revenda Chevrolet, antiga Auto Aguiar.

Posteriormente foi criada a “Medalha José Ananias de Aguiar”, com que foram agraciados os benfeitores da APAE.

Nasceu em Araxá/MG no dia 30 de março de 1913.
Filho de José Adolpho de Aguiar e Silvéria de Aguiar.
Casou-se com Elizena Afonso em 20 de maio de 1936.
Uma filha: Maria Elizena.
Faleceu no dia 26 de novembro de 1972.

(fonte: Livro Memorial de Araxá – FCCB – 2008).

Avenida José Ananias de Aguiar 

Em homenagem ao saudoso Zizinho, em junho do ano de 1985, por meio da Lei nº 1.978, na gestão do então prefeito de Araxá, Kleber Pereira Valeriano, foi denominada, Avenida José Ananias de Aguiar, o anel viário de Araxá, também conhecido como Avenida do Comboio. Uma via extensa de mão dupla, dividida por um canteiro central que começa na rotatória da Avenida Aracely de Paula e termina na rotatória da Avenida Ministro Olavo Drummond. Ao longo do trecho da , Avenida José Ananias de Aguiar, estão residências e uma variedade de comércio e empresas. Destaque para posto de combustível, oficinas de automóveis, bares, restaurante, lojas direcionadas à construção civil, entre outros. Do alto da avenida, se tem uma vista privilegiada de grande parte da cidade, com destaque para a região central e setores sul e sudeste. O anel viário também é uma importante via de interligação municipal, na área urbana para o escoamento da produção mineral do agronegócio de Araxá e cidades vizinhas.        

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Redação - JI Redação do Jornal Interação da Cidade de Araxá - Minas Gerais.