Educação Financeira X Educação Patrimonial

Dra. Karina Prado - Advogada, Escritora e Palestrante - Instagram:@karinaprado.adv

Abr 25, 2025 - 16:03
Mai 28, 2025 - 16:21
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Educação Financeira X Educação Patrimonial

Educação Financeira X Educação Patrimonial

Por muito tempo, as pessoas não se preocupavam em ter uma Educação Financeira. Nos últimos anos, temos visto um crescente aumento em informações sobre o assunto, como livros, filmes, palestras e workshops, fazendo com que as pessoas passem a se atentar à esta questão, como o Gustavo Cerbasi, com o livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, de 2004.

Um importante marco institucional da educação financeira no Brasil, foi o lançamento da ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira), instituída por decreto presidencial em 2010 com o objetivo de promover ações coordenadas entre governo, iniciativa privada e sociedade civil para melhorar o nível de educação financeira da população. Sendo coordenada pelo Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef) e abrange inclusão do tema em escolas públicas e privadas, ações de capacitação para professores e parcerias com o setor financeiro para disseminação de conteúdo.

Outro marco fundamental foi a inclusão da educação financeira na BNCC – Base Nacional Comum Curricular, que desde 2017 passou a ser transversal no currículo escolar da educação básica, especialmente nas áreas de Matemática e Ciências Humanas. O ensino de educação financeira se tornou obrigatório em escolas públicas e privadas de todo o país.

E nos últimos anos, vemos a popularização de fintechs, influenciadores de finanças e plataformas de educação digital como Me Poupe!, XP Educação dentre outros, que ampliou muito o alcance da educação financeira no Brasil, especialmente entre jovens.

Ou seja, “a maré virou” e aprender a poupar, investir e consumir com consciência nunca esteve tão em alta. Mas, no meio dessa onda de informações sobre finanças pessoais, um conceito segue esquecido no canto da sala: a educação patrimonial.

A maioria das pessoas já ouviu falar de educação financeira. Ela ensina o básico e o essencial como controlar gastos, sair do vermelho, montar uma reserva de emergência e, quem sabe, começar a investir. Trata-se de aprender a lidar com o dinheiro do mês — com o fluxo de caixa da vida.

Mas a educação patrimonial é o que vem depois. É sobre construir, proteger e perpetuar o patrimônio ao longo do tempo, muitas vezes pensando em mais de uma geração. Enquanto a educação financeira nos ensina a acumular, a educação patrimonial nos ensina a manter. Ela envolve planejamento sucessório, proteção de bens, estruturação jurídica, e até a discussão sobre o propósito do patrimônio.

A diferença está no horizonte de tempo e na complexidade. Educação financeira é para todos, e deve começar cedo. Educação patrimonial, embora também devesse ser democratizada, ainda é vista como coisa de gente rica, o que não deveria ser. Afinal, patrimônio não é sinônimo de fortuna, é o que você constrói com esforço, podendo ser uma casa, um pequeno negócio, um carro, um terreno no interior. Tudo isso precisa ser protegido e pensado com estratégia.

No Brasil, onde menos de 20% da população investe de forma recorrente e mais da metade está endividada, falar de educação patrimonial pode parecer prematuro. Mas é justamente aí que mora o problema, só começamos a falar de patrimônio quando ele já existe ou quando estamos prestes a perdê-lo.

Ensinar educação financeira sem abordar a educação patrimonial é como ensinar alguém a pilotar um barco, sem explicar como manter esse barco flutuando por anos. E o pior, sem explicar como garantir que os filhos “conduzam este barco” no futuro, perpetuando .

Se quisermos criar uma relação mais saudável e duradoura com o dinheiro, precisamos ir além do “quanto eu ganho e quanto eu gasto”. Precisamos fazer perguntas como: “O que eu estou construindo? O que quero deixar? Como garantir que isso não se perca?”

Afinal, dinheiro é meio. Patrimônio é legado.

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Dra. Karina Prado Dra. Karina Prado, advogada pós-graduada pela UFU, MBA em Gestão pela FGV e certificação Ancord da CVM. Colunista Jurídica em Jornal, Rádio e Revista. Membra das Comissões Estaduais de Sucessões da OAB MG, de Planejamento Sucessório e Holdings da OAB SP, de Planejamento Patrimonial da Família da OAB RJ e PPS e PCD da OAB de Uberlândia. Professora, Palestrante e autora de livro e artigos científicos jurídicos em revistas jurídicas e sites jornalísticos. Co-founder do Grupo Roda de Empreendedorismo com Elas que já impactou mais de 5000 mulheres que empreendem. Premiada como Advogada Destaque em sua área de atuação nos anos de 2022,2023, 2024 e 2025. Instagram: @karinaprado.adv