Fed fala em incertezas, recomenda cautela e economistas debatem possível recessão

Autoridade monetária destacou em comunicado os riscos tanto de aumento do desemprego quanto de elevação da inflação; há dúvidas no mercado sobre o momento ideal para começar os cortes The post Fed fala em incertezas, recomenda cautela e economistas debatem possível recessão appeared first on InfoMoney.

Mai 7, 2025 - 18:00
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Fed fala em incertezas, recomenda cautela e economistas debatem possível recessão
Corredor passa em frente ao prédio do Federal Reserve em Washington (REUTERS/Chris Wattie)

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decidiu nesta quarta-feira (7) manter os juros dos Estados Unidos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. Na entrevista após a decisão, o presidente Jerome Powell reforçou o tom de cautela do comunicado do Fomc (o comitê de política monetária) e destacou os riscos tanto de aumento do desemprego quanto de elevação da inflação.

Com isso, cresceu o debate entre os economistas: afinal, os EUA estão às portas de uma recessão?

Na opinião de Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, o cenário econômico descrito pelo comitê deve contribuir para que o Fed mantenha uma postura cautelosa nos próximos meses, atento à evolução dos indicadores econômicos antes de alterar o rumo da política monetária.

Ela não acredita, no entanto, que o país passará por uma recessão, mas que haverá uma desaceleração da economia americana. “Por isso, acreditamos que o Fed vai manter os juros elevados por mais tempo, priorizando o retorno da inflação à meta. Diferentemente do consenso do mercado, não descartamos que os juros sejam mantidos no patamar atual até o final do ano”, disse

Andressa Durão, economista do ASA, por sua vez, destacou a ênfase dada por Powell de que o Fed não tem necessidade de agir com pressa e que pode ser paciente. “A estratégia é acompanhar os dados e, somente quando os efeitos começarem a se manifestar, será possível avaliar o quão distantes estão de cada meta e por quanto tempo o ‘gap’ entre inflação e desemprego persistirá”.

Mas ela comentou que Powell observou em sua entrevista que, tanto empresas quanto famílias estão preocupadas e adiando decisões econômicas. E que ele alertou que, se essa postura cautelosa continuar e não houver medidas para reduzir as incertezas, é provável que os reflexos apareçam nos dados econômicos. “Mas, por enquanto, ainda não aconteceu, e os consumidores continuam gastando… ainda é uma economia saudável”, ponderou.

Andressa Durão alertou que as declarações de Powell sugerem que o Fed permanecerá em espera até que os efeitos das políticas na economia estejam claros. “No nosso cenário, acreditamos que a incerteza elevada levará a economia americana a uma recessão, com o Fed retomando os cortes de juros no segundo semestre”, previu.

Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1, comentou que Powell manteve um tom cauteloso e reiterou que diante das incertezas elevadas o Fed pretende manter a taxa de juros estável por algum tempo e observar como o cenário econômico evolui.

“A principal mensagem dada por Powell é que o Fed avalia que os riscos aumentaram tanto para a inflação quanto para o desemprego e que é cedo para saber qual lado do duplo mandato terá que ser priorizado. (…) Ou seja, o Fed será reativo à materialização dos riscos ao invés de tentar se antecipar a eles”, disse..

Para Cezario, em teoria, se houver tensão entre o atingimento dos dois mandatos do Fed, com inflação acelerando e a economia entrando em recessão, o comitê buscaria seguir uma função de reação balanceada, priorizando o mandato que estivesse com o maior desvio. “Na prática, acreditamos que, se a economia americana entrar em recessão e as expectativas de inflação de longo prazo não mostrarem sinais de desancoragem, o Fed priorizará o combate à recessão e reduzirá a taxa de juros em um ritmo mais rápido do que o mercado precifica atualmente”.

Já na visão de Gustavo Sung, economista-chefe Suno Research, haverá desaceleração da economia, mas sem recessão, sustentada por um mercado de trabalho ainda equilibrado. “Com a intensificação da guerra comercial, o risco de recessão aumentou, embora permaneça abaixo de 50%, e a probabilidade de a inflação se manter próxima de 3,0% continua elevada”, afirmou.

Em relação à inflação, Sung disse que, com preços em níveis mais altos e expectativas em ascensão, a pressão inflacionária pesará mais no balanço de riscos da autoridade monetária, restringindo os graus de liberdade do Fed na condução da política monetária no futuro.

“Esse panorama reforça os desafios da autoridade monetária: o banco central americano terá que equilibrar uma inflação ainda elevada, distante da meta de 2,0%, com sinais de enfraquecimento da economia – cenário típico de risco de estagflação. No entanto, caso o mercado de trabalho apresente sinais mais claros de perda de dinamismo, refletindo uma queda mais acentuada na atividade, haverá espaço para que o Fed intensifique os cortes de juros ao longo deste ano”, explicou.

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Redação - JI Redação do Jornal Interação da Cidade de Araxá - Minas Gerais.