“Vela” Criativa

O namoro é a melhor fase da vida de um casal. Senão, a única boa fase. E aqui lanço um desafio para quem achar o contrário. Eu pelo menos tenho em mente lançar um livro, futuramente, e já tenho até o título para o mesmo. Será: HAVERA VIDA APÓS O CASAMENTO? Mas, isso como eu já disse, é um assunto para depois.
O namoro é uma fase de descobertas, suas e de sua consorte, anseios, dúvidas, ciúmes, noites mal dormidas, rompimentos, saudades, inexperiência, timidez, falta de senso crítico, paixão e uma tesão de fazer inveja ao Bill Clitóris, digo Clinton. É aquela fase de ficar até mais tarde com a namorada, sem ver as horas passarem e entrar madrugada à dentro sem medo do amanhã e muito menos sem medo de ser feliz. Quem é que não viveu uma situação como esta? Casou, acabou. Principalmente, e o que é o mais comum, é se forem morar debaixo do mesmo “teiado”. Há alguns casais, que classifico terem uma inteligência acima da média, moram em casas separadas e prolongam o namoro pelo resto da vida. Eu conheço alguns. Separados, vivem suas individualidades e se respeitam mais. Casamento teria que ser assim: o juiz perguntaria: pretendem se casar? Tem duas casas? Com escritura comprovada? Se a resposta fosse SIM: eu caso! Se NÃO: não caso!
Nos dias atuais, o namoro está mais aberto, porém menos romântico; mais consentido, todavia mais perigoso; mais precoce, entretanto mais incerto e menos responsável. É o pai que não aceita fazer com sua filha, o que ele fez com a filha dos outros. É a mãe preocupada de a filha fazer o que ela fez no tempo em que também era filha. Enfim, um capítulo de “A Vida Como Ela é”, que o gênio de Nelson Rodrigues, soube descrever tão bem. Uma realidade que muitos teimam em não aceitar. Tem um amigo meu que, depois de casado, ao pegar a sua filha pela primeira vez nos braços, falou: “se puxar a mãe, eu vou ser avô cedo...”
Antigamente era tudo igual, mas um pouco diferente...
Nos idos de 1953, então noivos, os saudosos, José Alvares, o Zé Precatinha e sua amada Dona Ione, namoravam na sala, recebendo a implacável e cerrada marcação da Dona Donária, sua sogra, que fazendo tricô, mais parecia o Gentilli marcando o Zico no jogo Brasil X Itália na Copa de 82, não dando espaço para os dois se “deslocarem”. Pacientes, os dois conversavam o que podiam. Lá pelas tantas, Dona Donária, já cansada com tanto esforço e com o senhor Hermínio solicitando sua presença em seus aposentos, pediu substituição e escalou seu filho mais novo, o Julio, em seu lugar. Saiu Gentilli e entrou Dunga. Pela sua juventude, 12 anos, os noivos viram que teriam um marcador implacável pela frente, com muito fôlego, mas com pouca experiência. E foi a inexperiência do Julio, que o Zé Precatinha e a Dona Ione resolveram usar.
Argumentando que o Zé Precatinha queria tomar um café novo, pediu que o Julio o fizesse. Este, demonstrando boa vontade em agradar o futuro cunhado, deixou seu posto de vigília e foi para a cozinha.
Enquanto na sala o café “coava grosso”, na cozinha o tempo em que se levava para fazer um café, estava se tornando um tanto quanto demorado, o que levou os próprios noivos a se preocuparem. Resolveram então ver o que se passava.
Ao chegaram a cozinha, depararam com uma cena no mínimo inusitada. Quatro formas de gelo estavam vazias sobre a pia. E, na rabinha, em cima do rabo do fogão à lenha, estavam as pedras de gelo. Inquerido sobre o porquê da demora, Julio respondeu:
__Resolvi fazer um café diferente pro cêis... Coloquei gelo no lugar da água para fazer o café e estou esperando ele derreter... Agorinha mesmo, o café tá pronto.
O jeito foi aproveitar a deixa e voltar para a sala... Era mês de julho, e o tempo estava frio...
Qual é a sua reação?






