Alimentação e saúde afetam IPCA de abril e mantêm pressão na Selic, dizem analistas
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A análise da inflação de abril, que registrou alta de 0,43%, mostra resistência da atividade econômica e pressão sobre a taxa básica de juros, apontam economistas.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira (9), foi impulsionado pelos grupos de Alimentação e bebidas (0,82%) e Saúde e cuidados pessoais (1,18%).
Mas foi a alta de 0,50% na média dos núcleos inflacionários que surpreendeu os economistas. De acordo com a análise, os dados demonstram resistência à queda da inflação e pressão sobre a política monetária que busca controlar a atividade econômica.
Houve destaque para a aceleração nos produtos industrializados (liderada por vestuário) e nos serviços, puxado pela alimentação fora do domicílio e serviços pessoais.
Na análise da XP, a leitura reforça o cenário de “inflação persistente e desafiadora, sem sinais de moderação nos componentes cíclicos (especialmente serviços) no curto prazo.”
Inflação de serviços pressiona
Na avaliação do economista Leonardo Costa, do ASA, o IPCA mostra que a economia segue contaminada pela persistente inflação de serviços, que se mantém em patamares elevados desde dezembro de 2024 (entre 7,5% e 8%).
“Essa lentidão na desaceleração sugere que o mercado de trabalho aquecido continua a impulsionar a demanda agregada. Também se observa uma aceleração nos bens industrializados, possivelmente reflexo da atividade econômica mais forte e do impacto da desvalorização cambial do final do ano anterior”, avalia Costa.
Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, destaca a surpresa na variação positiva de 0,80% na alimentação fora do domicílio, que veio na contramão da expectativa de desaceleração.
“Tínhamos uma expectativa de desaceleração de alimentação fora que não se concretizou, pelo contrário, veio reacelerando. Também vieram números mais fortes em consertos de automóveis, serviços bancários, cabeleireiro e barbeiro. Ou seja, uma surpresa de aceleração em serviços que veio bastante espalhada entre os subitens, além dos industriais, como um todo, que também teve alta”, analisa Barbosa.
Gustavo Rostelato, economista da Armor Capit, afirma que o IPCA de abril não altera as expectativas de inflação. “Serviços continuam em patamares elevados, mesmo com passagens aéreas mostrando deflação no mês. Além disso, também houve uma surpresa em bens industriais, impulsionada por bens duráveis e semi-duráveis. Do lado das surpresas baixistas, destaca-se alimentação no domicílio, sendo in natura o principal contribuinte para o arrefecimento do número”, analisa.
Viés de alta para a inflação
No acumulado de 12 meses, a inflação segue em trajetória de alta e chega a 5,53%.
Para Costa, a mensagem que os dados mostram é de que o cenário para a inflação segue bastante desafiador. “A gente viu os dados do mercado de trabalho [divulgados] na semana passada, [com números] ainda muito fortes, com medidas de salários acelerando e empregabilidade ainda muito forte. Isso deve manter a demanda bastante resiliente ao longo dos próximos trimestres”, afirma Costa.
Diante disso, o economista afirma que não há expectativa para a queda da inflação nos próximos meses. “Pelo contrário, nossa expectativa é que a inflação continue acelerando, pelo menos até setembro e só a partir dali ela desacelere”, avalia.
A XP afirma que revisou para baixo a previsão de IPCA de 2025, que antes era de 6%, e agora é de 5,7%.
“o IPCA de abril mostrou um quadro inflacionário desafiador, com a inflação de serviços atingindo um novo pico. Olhando para o futuro, vemos moderação nos preços monitorados, especialmente nos combustíveis, dados os atuais preços do petróleo. No entanto, novos estímulos fiscais representam um risco de alta para a inflação de serviços ao longo dos próximos trimestres”, afirma a instituição, em relatório.
A AZ Quest projeta uma inflação de 5,40% ao ano. Para o ASA, a projeção para o IPCA de 2025 é de 5,3%, com viés de alta devido à persistência dos núcleos inflacionários. Para 2026, a estimativa é de 5,5%. A PicPay projeta inflação de 5,6% em 2025.
Impacto na taxa básica de juros
Com a persistência dos dados demonstrando pressão sobre a inflação, a previsão é de que a a taxa básica de juros, a Selic, deverá sofrer mais uma alta, antes de começar a baixar, segundo analistas.
Costa projeta que a elevação será de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Orçamentária (Copom), prevista para 18 de junho. Igor Cadilhac, economista do PicPay, tem a mesma projeção, com Selic encerrando o ano em 15%, sem corte de juros.
Gesner Oliveira, professor da FGV e sócio da GO Associados, também aposta em alta de 0,25 p.p. ou pausa na elevação. “É mais provável que ocorra uma pausa no ciclo de alta da taxa Selic e isso de certa forma está colocado ou sugerido, não de uma maneira muito direta, mas pela primeira vez no balanço de riscos no comunicado do COPOM aparece uma menção a eventual impacto negativo sobre a inflação, negativo no sentido de baixar a inflação em virtude da queda de preço de commodities que por sua vez refletiria uma desaceleração projetada da economia mundial face a guerra comercial”, afirma.
Nesta quarta-feira (7), a Selic foi reajustada para 14,75%, com alta de 0,5 p.p.
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