Queda nos serviços em comparação trimestral pode ser indício de desaceleração

Em março, dados positivos foram gerados por fatores sazonais, como Carnaval, com destaque para serviços prestados às famílias e transporte; média trimestral caiu 0,2% ante o trimestre anterior The post Queda nos serviços em comparação trimestral pode ser indício de desaceleração appeared first on InfoMoney.

Mai 14, 2025 - 14:00
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Queda nos serviços em comparação trimestral pode ser indício de desaceleração
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Mesmo com a alta de 0,3% no volume do setor se serviços em março divulgada nesta quarta-feira (14) pelo IBGE, o primeiro trimestre de 2025 mostrou recuo de 0,2%, quando comparado ao trimestre anterior. Essa é a primeira retração trimestral desde o início de 2023, aponta a XP. Para os analistas, o resultado mostra possíveis sinais de desaceleração da economia.

No entanto, esse desempenho não é suficiente para comprometer o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do período, que deverá ser puxado pelo agronegócio. A divulgação do PIB do primeiro trimestre está prevista para o dia 30 de maio.

“Os números do setor de serviços de março — e do trimestre – corroboram nosso cenário-base de enfraquecimento gradual da atividade doméstica. Por exemplo, o índice geral de serviços – e alguns componentes importantes – registrou sua primeira queda trimestral após um longo período em uma trajetória ascendente. No entanto, reforçamos os amortecedores provenientes do mercado de trabalho robusto (…) e das medidas de estímulo de curto prazo”, diz análise da XP.

Em março, os dados positivos foram atribuídos a fatores sazonais, como o Carnaval, destacam os analistas. Isso pode ser visto nos índices dos grupos de serviços prestados às famílias (alta de 1,5%) — onde estão incluídos alojamento e alimentação — e transporte (alta de 1,7%).

Alta do setor de serviços em março ficou em 0,3%. Em fevereiro, índice revisto foi de 0,9% e em janeiro, -0,1. (Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal de Serviços)

Impacto no PIB do primeiro trimestre

Leonardo Costa, economista do ASA, ressalta que o ritmo mais forte observado em fevereiro e março não foi capaz de reverter a queda registrada em janeiro na análise dos dados trimestrais. “O ritmo mais forte observado em fevereiro e março não compensou a queda observada em janeiro; o PIB do 1T25 ainda deve ter ritmo forte, muito por conta do setor agropecuário”, diz o economista em sua análise.

Com os resultados do setor, André Valério, economista sênior do Inter, projeta um crescimento de 0,5% para o PIB do primeiro trimestre e de 1,5% para o ano de 2025.

Mudanças de consumo

Os movimentos de retração e alta em alguns setores de serviços podem dar pistas do andamento da inflação no país, avalia Matheus Pizzani, da CM Capital.

No caso de serviços de informação e comunicação ( -0,2% ), a retração ocorre após crescimentos acima de 1% que vinham ocorrendo desde o início do ano. “A inflexão, embora possa ser atribuída à uma mera reversão estatística, pode ser resultado também de uma queda no volume produzido desta categoria de serviços em função de um arrefecimento da demanda em face da elevada rigidez de preços do setor”, avalia.

Já o grupo de serviços profissionais administrativos e complementares, o volume produzido foi de 1,3% para 0,6% e houve retração nos serviços de apoio às atividades empresariais (-0,5%).

“Apesar de ainda ser incipiente e de demandar mais dados com o mesmo padrão, a extensão deste comportamento pode implicar mudança gradual no padrão de consumo das famílias, migrando de uma cesta mais diversificada para uma cesta composta apenas de serviços de caráter técnico e com maior grau de essencialidade para atividades cotidianas”, afirma.

Projeção de crescimento

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, projeta crescimento de 2% no ano para o setor de serviços. Ela afirma que isso deve ser impulsionado pelos estímulos do governo, como aumento de gastos, liberação de FGTS e incentivo à concessão de crédito.

Igor Cadilhac, economista do PicPay, afirma que revisou a projeção de crescimento do setor de serviços de 1,2% para 1,6%. Ele diz que a revisão reflete a expectativa de um primeiro semestre mais forte do que o esperado, embora espere uma desaceleração gradual nos segmentos mais cíclicos. O mercado de trabalho formal e a massa de rendimentos deverá sustentar a demanda interna.

“Por outro lado, a combinação de inflação persistente, juros elevados e deterioração das condições financeiras tende a estagnar a atividade econômica no segundo semestre”, avalia.

Impacto na taxa de juros

Os dados do setor de serviços não trazem elementos sólidos para alterar a política de juros do país, avalia Matheus Pizzani, da CM Capital.

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os diretores foram neutros ao sinalizarem as futuras decisões sobre a taxa Selic.

Pizzani afirma que os movimentos identificados na leitura de dados dos serviços apontam tendências que podem se consolidar nos próximos meses, mas vão depender “da dinâmica traçada tanto no ambiente micro quanto na esfera macroeconômica doméstica”, deixando em aberto a materialização do desaquecimento da atividade econômica.

“A mesma lógica se aplica à esfera dos preços, com o quadro atual ainda apontando para uma demanda por serviços aquecida, especialmente em segmentos cujo IPCA apresenta maior sensibilidade, deixando pouca margem para surpresas positivas no curto-prazo e reforçando o cenário de juros em patamar elevado por mais tempo”, avalia.

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Redação - JI Redação do Jornal Interação da Cidade de Araxá - Minas Gerais.