Taxa de desemprego menor até março eleva expectativa para o PIB, dizem economistas
O desemprego fechou o primeiro trimestre do ano em 7% e isso deve impactar na atividade econômica do período; resiliência do mercado de trabalho traz risco para inflação de serviços The post Taxa de desemprego menor até março eleva expectativa para o PIB, dizem economistas appeared first on InfoMoney.


A taxa de desemprego para o trimestre encerrado em março, registrada em 7% pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), elevou a expectativa pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no período. Apesar de o índice representar um crescimento de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, este é o melhor resultado para o período desde que o IBGE começou a calcular o índice, em 2012.
Além disso, na análise de especialistas, o cálculo ajustado pela sazonalidade indica recuo da taxa de desemprego, na comparação entre fevereiro e março, e se mantém estável ao redor de 6,5% desde outubro de 2024.
O número de empregados com carteira assinada no setor privado foi o destaque e atingiu 39,45 milhões de trabalhadores, uma alta de 3,9% na comparação anual, segundo o IBGE.
“O mercado de trabalho aquecido ajuda a estimular a atividade econômica e o PIB, mas dificulta o controle da inflação, especialmente a de serviços”, analisa Cláudia Moreno, economista do C6 Bank. Este cenário reforça a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumente os juros em 0,5 ponto percentual, para 14,75%, na reunião da semana que vem, e mantenha o aperto monetário da Selic até junho, quando a taxa deverá chegar em 15%. No entanto, ela ressalva que as incertezas no cenário externo podem antecipar o fim do ciclo de ajuste.
Para Rodolfo Margato, economista da XP, os resultados confirmam que o mercado de trabalho está aquecido no Brasil, o que reflete em uma taxa de desemprego relativamente baixa e aumento da renda do trabalho. Os dados do IBGE mostram que o rendimento real atingiu R$ 3.410, um avanço de 4% na comparação anual.
“O principal destaque da PNAD de março é a consistente elevação dos rendimentos reais do trabalho, que registraram aumento de 0,3% em março frente a fevereiro – o sexto ganho consecutivo na margem – e 4% em comparação a março de 2024, com expansão de 4,4% no acumulado em 12 meses”, afirma Margato.
O economista destaca que a massa de renda agregada do trabalho, que subiu 0,5% na comparação mensal e 6,6% frente a março de 2024, acumula alta de 7,5% nos últimos 12 meses.
“As condições do mercado de trabalho brasileiro permanecem, portanto, bastante sólidas, com o emprego total em alta, puxado principalmente por ocupações formais, e salários reais subindo consistentemente. Esta configuração deve manter os custos unitários do trabalho pressionados para a maioria dos setores”, analisa.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, afirma que o rendimento médio foi puxado pela agropecuária e administração pública, que não estão ligados à sazonalidade e trouxeram os resultados positivos. Já os demais setores, como construção, comércio, serviços e indústria, não variaram no período.
Para Leonardo Costa, economista do ASA, o resultado contraria o movimento de desaceleração do fim do ano passado e aumenta as expectativas sobre o crescimento da economia no país. “O mercado de trabalho voltou a ficar aquecido no 1T25, contrariando o movimento de desaceleração no final de 2024; nossa expectativa é de PIB forte no 1T25”, afirma.
Já Rafael Perez, economista da Suno Research, destaca que o leve crescimento do desemprego no período é justificado pelo encerramento dos contratos temporários de fim de ano, e a menor taxa histórica para o período mostra um mercado de trabalho resiliente, que será um vetor importante para sustentar o consumo e a renda das famílias.
Recuo da informalidade
André Valério, economista sênior do Inter, analisa o recuo da informalidade, que progrediu em março. Para ele, não existem indícios de que esses trabalhadores estão sendo absorvidos pelo mercado formal, já que a taxa de participação se mantém estável em 62,2%. Os números mostram 63,6 milhões de trabalhadores formais e taxa de informalidade recuando de 38,1% para 38,0%.
Ele também observa um recuo no setor de construção. “Notamos nova deterioração na linha de construção, que em conjunto com dados adjacentes do mercado imobiliário indicam continuidade no processo de desaceleração do setor, ainda que de maneira moderada”, analisa.
Segundo semestre deve ser de desaceleração
Mas os dados de aumento do emprego e renda reforçam, na análise de Margato, um cenário base de desaceleração gradual da atividade doméstica ao longo de 2025 e inflação de serviços ainda elevada no curto prazo.
A projeção da XP é de crescimento de 2,3% para o PIB em 2025, um pouco acima do consenso de mercado, e taxa de desemprego de 7% ao final do ano, já considerando o ajuste sazonal. A projeção representa um aumento sutil em relação aos 6,5% registrados em 2024.
Para o segundo semestre, Perez, da Suno, afirma que projeta uma leve aceleração da taxa de desemprego, chegando a 7,2% no final do ano, devido à perda de tração do ritmo de crescimento na segunda metade do ano. “Mas, esse nível ainda configura um patamar historicamente baixo e coloca um viés de alta para a nossa projeção de PIB este ano”, analisa.
O economista Igor Cadilhac, do PicPay, observa que, apesar do indicador sugerir um mercado de trabalho robusto, já há sinais de deterioração. “Para os próximos meses, esperamos uma desaceleração gradual, especialmente a partir do segundo trimestre”, afirma. Para ele, apesar da desaceleração, o mercado deve permanecer aquecido, o que irá pressionar a inflação por um período prolongado. “Para 2025, projetamos uma taxa média de desemprego de 6,9%, encerrando o ano em 7,1%”, analisa.
Na análise da economista Cláudia Moreno, do C6 Bank, o mercado de trabalho permanecerá forte ao longo de 2025, apesar da desaceleração gradual da economia. A projeção da instituição é de que a taxa de desemprego encerre o ano próxima a 6%, um patamar considerado baixo para os padrões históricos do país.
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