Trégua entre China e EUA abre janela para fretes… mais caros; entenda o motivo
As tarifas de frete na rota transpacífica saltaram de US$ 2.000 por unidade equivalente a 40 pés em meados de abril para cerca de US$ 2.500 nesta semana The post Trégua entre China e EUA abre janela para fretes… mais caros; entenda o motivo appeared first on InfoMoney.
O acordo entre China e Estados Unidos para reduzir tarifas comerciais deve impulsionar as tarifas de frete, com empresas correndo para aproveitar o período de 90 dias de trégua e transportar mercadorias pelo Pacífico.
A escalada rápida das tarifas nas últimas semanas, com o agravamento da guerra comercial, provocou forte queda nos embarques: as exportações chinesas para os EUA caíram 21% no mês passado e as importações recuaram quase 14%. A gigante de contêineres A.P. Moller-Maersk A/S estimou na semana passada uma queda de 30% a 40% no volume entre China e EUA em abril. A tendência parece ter continuado em maio, com a redução de voos de carga aérea na semana encerrada em 11 de maio — antes do anúncio do acordo na segunda-feira.
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Agora, a inesperada trégua após as negociações do fim de semana deve provocar uma recuperação na demanda e nos preços — movimento que, segundo analistas, será intensificado pela chegada da alta temporada do setor, possivelmente antes que muitos navios possam ser realocados de outras rotas.
Com fornecedores chineses já retomando embarques mesmo antes do anúncio oficial, as tarifas de frete na rota transpacífica saltaram de US$ 2.000 por unidade equivalente a 40 pés (FEU) em meados de abril para cerca de US$ 2.500 nesta semana, segundo relatório do Jefferies publicado nesta terça-feira (13).
Essa reversão é um alívio para o setor. Empresas de transporte de contêineres vinham enfrentando forte queda nas tarifas, chegando perto do ponto de equilíbrio em algumas rotas spot. O índice global de frete em contêiner caiu para pouco mais de US$ 2.076 por FEU na semana passada, menor nível desde dezembro de 2023, segundo o Drewry World Container Index.
“O setor de contêineres está posicionado para uma melhora significativa nas tarifas à vista com base em dois fatores fundamentais: retomada dos volumes normais e início da alta temporada, que geralmente começa até julho”, escreveram os analistas do Jefferies. “Com a capacidade mais restrita na rota transpacífica, as transportadoras estão em posição de elevar significativamente os preços.”
Alguns operadores de frete — entre os primeiros a sentir os impactos de oscilações bruscas no comércio — avaliam que a trégua comercial foi um passo positivo.
“Esperamos que isso abra caminho para um acordo permanente que proporcione a previsibilidade de longo prazo que nossos clientes precisam”, disse um porta-voz da Maersk. “Por enquanto, nossos clientes ganharam 90 dias de clareza com tarifas reduzidas, e estamos trabalhando intensamente para ajudá-los a aproveitar essa janela.”
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Entenda o calendário de exportações
As exportações chinesas para os EUA tendem a começar fracas no ano e ganhar força durante o verão no hemisfério norte, com pico em setembro, antes do fim de ano. A desaceleração esperada nos meses seguintes não ocorreu em 2024, provavelmente porque as empresas anteciparam compras para se proteger das tarifas que Donald Trump ameaçava aplicar desde sua posse em janeiro.
O próximo passo para o setor é reduzir os chamados blank sailings — trechos de viagens cancelados ou ignorados — para otimizar o uso da capacidade já alocada na rota transpacífica. Reposicionar navios de outras rotas pode levar 40 dias ou mais, segundo estimativa do Jefferies.
“Como muitos exportadores podem ter adiado embarques para os EUA em abril, a redução substancial das tarifas provavelmente vai gerar uma onda de exportações represadas”, escreveu Lu Ting, economista-chefe para China do Nomura Inc., logo após o anúncio do acordo.
Um pacto duradouro entre China e EUA também deve alterar os fluxos comerciais de outros países.
As exportações chinesas para Vietnã e Tailândia dispararam em março e abril, acompanhadas de aumento nas exportações desses países para os EUA, o que elevou a demanda por navios entre o Sudeste Asiático e os EUA. Esse movimento pode se reverter, já que muitas empresas chinesas agora podem exportar com tarifa de 30% — ante os 145% cobrados antes do acordo.
©2025 Bloomberg L.P.
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