Será que o Copom estacionou mesmo a Selic em 14,75%? Há quem duvide

Ata da reunião do dia 7 de maio, quando foi aplicada uma alta de 0,50 p.p. na Selic, fala em "cautela adicional", mas comenta que política monetária restritiva já mostra efeitos no crédito e na atividade The post Será que o Copom estacionou mesmo a Selic em 14,75%? Há quem duvide appeared first on InfoMoney.

Mai 13, 2025 - 14:00
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Será que o Copom estacionou mesmo a Selic em 14,75%? Há quem duvide
Copom (março_2025)

Quem esperava algum nível de esclarecimento por parte do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para identificar sinais de uma orientação futura das decisões de juros, a ata da reunião do último dia 7 de maio, divulgada nesta terça-feira (13) pode ter ficado um pouco decepcionado. A avaliação de economistas e analistas é que a comunicação foi neutra em relação ao comunicado da semana passada, quando o Comitê elevou os juros para 14,75% ao ano.

A pergunta que todos tentam responder é: afinal, o ciclo de altas da Selic acabou ou ainda há necessidade, ou espaço, para uma dose adicional, em 18 de junho?

Na análise da XP, a diretoria do BC detalhou na ata que a política monetária contracionista está funcionando, mas ainda não está claro que a dose de juros até aqui é suficiente para deter a atividade a ponto de causar uma queda nas expectativas de inflação.

Mesmo admitindo que a ata foi “neutra”, ou seja, nem suave (“dovish”), nem dura (“hawkish”), a XP destacou que o comitê reforçou a necessidade de “cautela adicional na ação da política monetária e flexibilidade”. Isso, segundo a análise, é consistente com o cenário de que o ciclo de aperto está encerrado ou muito próximo disso.

“O Copom apresentou evidências sugerindo que a política monetária restritiva ‘já contribuiu e continuará contribuindo para a moderação do crescimento’. Isso seria um argumento para uma pausa, para esperar e ver. Ao mesmo tempo, a ata enfatizou que ‘os vetores inflacionários permanecem adversos’. Nesse sentido, um ajuste adicional em junho poderia ser adequado, dependendo das novas informações até lá”, ponderou a XP.

A avaliação da XP, já anunciada na semana passada, é que o plano de voo atual do Copom parece manter a taxa Selic inalterada para o futuro, mas isso não é um compromisso forte. “A flexibilidade é necessária. Acreditamos que as pressões inflacionárias internas – incluindo as recentes medidas de apoio ao crescimento do lado fiscal e as expectativas de inflação desancoradas – eventualmente convencerão o Copom a realizar um último aumento de 25 pontos-base em sua próxima reunião”, previu.

A opinião de Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, é similar. Ela cita um trecho da ata, no qual foi discutido o balanço de riscos para a inflação. “O BACEN manteve a questão em aberto, falando que o assunto foi discutido, mas nada foi definido. Algo que, em nossa opinião, pode indicar que o balanço de riscos não está neutro”, explicou.

Para ela, claramente o BC ainda em está dúvida se ajustou a taxa de juros o suficiente para convergir a inflação à meta no horizonte relevante de política monetária. “Mas também claramente ciente que o ajuste atual já é bastante restritivo e que está no momento final do ajuste.”

Assim, a economista também mantém sua avaliação de que o ciclo está próximo do final, mas que o BC precisa de mais informações para poder encerrá-lo. “Acreditamos que essa etapa exige mais um aumento de 25 bps na reunião de junho, com o Copom finalizando o ciclo em 15%”, disse.

Estímulos fiscais preocupam

Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, no entanto, acredita que o BC parece estar mais propenso em manter a Selic no nível atual, por um período prolongado. “O atual patamar bastante restritivo da política monetária e a expectativa de desaceleração da atividade indicam que a alta da Selic da reunião de maio deve ter sido a último e mantemos nossa expectativa de fim de ciclo e manutenção da taxa em 14,75% a partir de junho”, estimou.

Ela avaliou que o principal risco de alta para a inflação continua sendo os novos estímulos fiscais e parafiscais, que seguem sendo monitorados pelos Copom. “A avaliação do comitê sobre o novo crédito consignado privado é neutra. A nova linha tende a substituir outras modalidades, mas a política monetária tem sido mais restritiva na ausência de harmonia com a política fiscal, que segue expansionista, ainda que em menor grau esse ano. Por outro lado, o cenário externo pode contribuir para uma desinflação maior, via câmbio e custo de produtos industriais, mas ainda é incerto o seu impacto”, disse.

“O Copom deve manter os juros no atual patamar por um prazo prolongado, até termos uma tendência de queda de inflação mais consistente, bem como seu reflexo nas expectativas.”

Leonardo Costa, economista do ASA, por sua vez, comentou que o Copom segue na aposta de que o juro restritivo faça o trabalho de desacelerar a economia doméstica. “A decisão de juro da reunião de junho é tratada como ‘cautela adicional’, o que indica a possibilidade de uma alta de 0,25% ou nenhuma alta. Apostamos que o ciclo de elevação de juros chegou ao fim em maio, no patamar de 14,75%, sem elevação adicional em junho”, afirmou.

Já Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1, disse que,  no geral, a mensagem da ata é que a política monetária está significativamente contracionista e que seus efeitos começam a aparecer pelos canais de transmissão, sobretudo via canal de crédito bancário.

“Desta forma, o Copom demonstrou ter confiança de que a moderação da atividade, que é necessária, está se materializando. E dada a incerteza elevada presente no cenário, o patamar dos juros reais e as defasagens na transmissão da política monetária, o comitê sinaliza que o cenário base é de manter o grau de aperto monetário por um período prolongado”, disse.

Ele também ponderou que, por outro lado, na discussão sobre o balanço de riscos, parece não ter havido consenso entre todos os membros do comitê. “A ata relatou que houve um debate se o balanço de riscos tornou-se menos assimétrico para cima, ou se tornou-se neutro, mas não informou a conclusão da discussão. Mantemos nosso cenário base de que a alta da taxa Selic feita na semana passada foi a última do ciclo atual de aperto monetário.”

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Redação - JI Redação do Jornal Interação da Cidade de Araxá - Minas Gerais.