Ter os Direitos preservados na CLT ou a liberdade em EMPREENDER sob o olhar da Juventude
Dra. Karina Prado - Advogada, Escritora e Palestrante - Instagram:@karinaprado.adv

Ter os Direitos preservados na CLT ou a liberdade em EMPREENDER sob o olhar da Juventude
Como ainda estamos em maio, mês em que se comemora o Dia do Trabalhador e consequentemente os seus Direitos, como previsto na coluna anterior, nesta semana focaremos sobre o dilema entre “ser” CLT ou de ser EMPREENDEDOR na juventude.
Nos últimos anos, o empreendedorismo juvenil tem ganhado força no Brasil. Impulsionados pelas redes sociais, influenciadores de sucesso e pela vontade de “fugir da CLT”, muitos jovens têm optado por abrir seu próprio negócio logo após sair da faculdade. Mas essa decisão, por mais ousada que pareça, também carrega riscos consideráveis, especialmente quando tomada sem planejamento.
Segundo dados do Sebrae, mais de 30% dos microempreendedores individuais (MEIs) no Brasil têm até 30 anos de idade. O número revela uma geração inquieta, criativa e determinada a construir sua própria trajetória. Mas empreender jovem não é apenas sobre ter ideias inovadoras. É também sobre saber lidar com responsabilidade, frustração e instabilidade financeira, temas que muitos ainda não tiveram tempo de amadurecer.
É como se os jovens estivessem desprezando os direitos arduamente alcançados ao longo da história do Brasil, direitos estes inclusive “invejados” por trabalhadores de outros países. Pois ser CLT, que virou “chacota” entre alguns grupos de jovens, representa segurança e direitos preservados, como o salário fixo, benefícios como 13º, INSS, férias remuneradas, descanso semanal, plano de saúde e seguro desemprego.
O Jovem precisa se atentar que a falta de experiência aliada ao entusiasmo de começar cedo pode esbarrar na falta de bagagem prática. Muitos jovens enfrentam dificuldades em gestão financeira, planejamento estratégico, precificação, tributos e relacionamento com clientes. Sem mentores ou apoio técnico, decisões mal calculadas podem levar ao fechamento precoce da empresa.
Outro ponto de atenção é a pressão social e ilusão de sucesso rápido, é a cultura do “hustle” e do sucesso meteórico, muitas vezes propagada nas redes sociais pode distorcer a realidade do empreendedorismo. Negócios não crescem da noite para o dia. Excesso de expectativas e comparações com outros empreendedores mais experientes podem gerar frustração, ansiedade e até desistência prematura.
Um dos pontos mais críticos na minha opnião é a falta de estabilidade financeita, ou até a ausência dela, pois muitos jovens empreendem sem uma reserva financeira ou sem entender a sazonalidade do mercado. A falta de uma fonte de renda estável pode gerar dívidas, comprometer estudos ou até afastar oportunidades de crescimento pessoal. Empreender exige capital, fôlego e resiliência e nem sempre essas condições estão disponíveis na juventude.
Além destas questões, ainda tem a solidão e o excesso de responsabilidades, pois empreender cedo também pode ser um caminho solitário. Sem sócios, rede de apoio ou mentoria, o jovem se vê obrigado a tomar decisões difíceis e assumir responsabilidades que normalmente seriam distribuídas em uma equipe. Isso pode gerar sobrecarga mental e emocional.
Mas como tudo, nem tudo são riscos, empreender jovem também tem suas vantagens: energia, criatividade, adaptação a mudanças e visão inovadora. Muitos negócios de sucesso foram criados por pessoas antes dos 25 anos. O segredo está em começar pequeno, estudar muito, buscar apoio e ter paciência. Empreender não é uma corrida, é uma maratona.
E numa cidade como Araxá que tem mais de 1000 vagas em aberto, 9000 MEI´s cadastrados e muitos jovens, fica esta importante reflexão!
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